quinta-feira, 17 de novembro de 2011

VERSOS DEL CAPITÁN: la reina


Yo te he nombrado reina.
Hay más altas que tú, más altas.
Hay más puras que tú, más puras.
Hay más bellas que tú, hay más bellas.
Pero tú eres la reina.
Cuando vas por las calles
nadie te reconoce.
Nadie ve tu corona de cristal, cadie mira
la alfombra de oro rojo
que pisas donde pasas,
la alfombra que no existe.

Y cuando asomas
suenan todos los ríos
en mi cuerpo, sacuden
el cielo las campanas,
y un himno llena el mundo.

Sólo Tú y Yo,
Sólo Tú y Yo, amor mío,
lo escuchamos.


PABLO NERUDA, in "Versos Del Capitán".

terça-feira, 8 de novembro de 2011

é ali


É na altura do peito que se fundem razão e emoção. Que se entrelaçam corpo e alma. Não necessariamente nessa ordem. Mas o resultado final dessa mistura, é a alquimia de um sentir mágico na vida.

AMatzenbacher

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Os sentidos da saudade




O quê esperar da saudade
daquela que anda a ver
o tempo passar na relatividade
da eternidade que não está a chegar?

O quê esperar do sentimento
ressentido por não estar vivido
entre a (des)conhecida distância
que impede o olhar, o degustar, o cheirar, o escutar e o tocar?

O quê esperar dos olhos
ao ver aquela beleza angelical
que o tempo e o cogito
lograram para o encontro?

O quê esperar da boca
ao tocar aqueles lábios desejosos
durante o estalar das línguas
nesse vaidoso embate?

O que esperar do nariz
ao se embriagar com o perfume do corpo
envolto a um eau efervescente
numa hipnose extasiante?

O quê esperar dos ouvidos
ao escutar aquela suave e doce voz
falando e cantando
da beleza do passar o dia e do pulsar da vida?

O quê esperar do tato
quando as mãos tenazes e trêmulas
cruzarem tua silhueta
traduzindo o selvagem caminho do teu corpo?

Não sei o quê esperar.
Quem sabe o eterno, e não o fugaz,
Quem sabe o fruto, e não o furto,
Quem sabe o viver, e não o morrer.
A única certeza que tenho:
é que a saudade eu quero afogar
te sentindo em todos os sentidos.

AMatzenbacher

terça-feira, 1 de novembro de 2011

galeano



Vi esse vídeo agora por indicação do Salo, e tive que compartilhar!
Um outro mundo possível.
Show!

domingo, 30 de outubro de 2011

A descartabilidade humana entre Bukowsi e Bauman




PRECISA-SE DE COLHEDORES DE TOMATES EM BAKERSFIELD
"Eu pensava que as colheitadeiras automáticas haviam extinguido esse trabalho. No entanto, ali estava o anúncio. Seres humanos, aparentemente, saem mais barato que máquinas. E máquinas quebram. É isso”. (p. 170)

Em “Factótum”, Charles Bukowski conta a (sua) saga de Henry Chinaski por bicos, pequenos trabalhos, até empregos(!), fazendo de tudo para manter o bucho cheio, alimentar a alma com a bebida, e é claro, escrever. Assim, Buk, para viver seu grande amor (escrever), se depara com a existência de uma condicionante. Uma condição natural que impede a vida, mesmo tendo tempo. Então, é preciso não ter tempo para viver e para aprender a conviver (que significa viver-com). E, para satisfação de uma necessidade natural (o comer condicionante), torna-se necessário o mergulho no mudo capitalista, de submissão a situações, verdadeiramente, humilhantes e degradantes para não se ter tempo a fim de (poder) viver (que coisa não?). É o paradoxo do capitalismo de que fala Zygmunt Bauman, ao comparar o capitalismo como uma cobra que se alimenta do próprio rabo. Ou se é “devorador” ou se é “devorado”, na classificação binária (e realista) de Rosa Luxemburgo. E, nesse meio, é cristalizado o fenômeno da "globalização negativa" (Bauman), que potencializa o (neo)individualismo, enfraquecendo os vínculos humanos e definhando a solidariedade (o fraternité de 1789!) nesse processo parasitário e predatório que se alimenta da energia sugada dos corpos dos próprios indivíduos. Tanto pelo olhar sociológico de Bauman, quanto pelo olhar real-sofrido-literário de Bukowski, nos deparamos na (con)vivência em um completo estado da descartabilidade do humano, da descartabilidade do SER humano, da descartabilidade DE SER humano. Que mundo (é) esse o nosso não?

“Isso era tudo de que um homem necessitava: esperança. Era a falta de esperança que desencorajava um homem. Era de meus dias em Nova Orleans, vivendo de duas barras de caramelo de cinco centavos por dia, ao longo de várias semanas, para ter tempo livre para escrever. Mas passar fome, infelizmente, não melhora a arte. Apenas a obstrui. A alma de um homem está profundamente enraizada em seu estômago. Um homem pode escrever muito melhor após comer um belo pedaço de filé acompanhado de uma dose de uísque do que depois de uma barra de caramelo de um níquel. O mito do artista faminto é um embuste. Uma vez que você percebe que tudo é um embuste, você fica esperto e passa a sangrar e queimar seus semelhantes. Eu ergueria um império sobre as carcaças e vidas destrocadas de homens, mulheres e crianças indefesos – eu os atropelaria. Eu lhes daria uma bela lição!”. (p. 52)

Citações do livro do momento, FACTÓTUM, dele, Buk.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

nada é muito quando é demais(!)


Dizem que a gente tem o que precisa. Não o que a gente quer. Tudo bem. Eu não preciso de muito. Eu não quero muito. Eu quero mais. Mais paz. Mais saúde. Mais dinheiro. Mais poesia. Mais verdade. Mais harmonia. Mais noites bem dormidas. Mais noites em claro. Mais eu. Mais você. Mais sorrisos, beijos e aquela rima grudada na boca. Eu quero nós. Mais nós. Grudados. Enrolados. Amarrados. Jogados no tapete da sala. Nós que não atam nem desatam. Eu quero pouco e quero mais. Quero você. Quero eu. Quero domingos de manhã. Quero cama desarrumada, lençol, café e travesseiro. Quero seu beijo. Quero seu cheiro. Quero aquele olhar que não cansa, o desejo que escorre pela boca e o minuto no segundo seguinte: nada é muito quando é demais.

CFAbreu