quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Os sentidos da saudade




O quê esperar da saudade
daquela que anda a ver
o tempo passar na relatividade
da eternidade que não está a chegar?

O quê esperar do sentimento
ressentido por não estar vivido
entre a (des)conhecida distância
que impede o olhar, o degustar, o cheirar, o escutar e o tocar?

O quê esperar dos olhos
ao ver aquela beleza angelical
que o tempo e o cogito
lograram para o encontro?

O quê esperar da boca
ao tocar aqueles lábios desejosos
durante o estalar das línguas
nesse vaidoso embate?

O que esperar do nariz
ao se embriagar com o perfume do corpo
envolto a um eau efervescente
numa hipnose extasiante?

O quê esperar dos ouvidos
ao escutar aquela suave e doce voz
falando e cantando
da beleza do passar o dia e do pulsar da vida?

O quê esperar do tato
quando as mãos tenazes e trêmulas
cruzarem tua silhueta
traduzindo o selvagem caminho do teu corpo?

Não sei o quê esperar.
Quem sabe o eterno, e não o fugaz,
Quem sabe o fruto, e não o furto,
Quem sabe o viver, e não o morrer.
A única certeza que tenho:
é que a saudade eu quero afogar
te sentindo em todos os sentidos.

AMatzenbacher

3 comentários:

  1. Alexandre, querido,

    Tarefa difícil esse mês. Vou ter que escolher uma escrita dentre as muitas belas no meu vicinal. Então, quem sabe você poderia me ajudar e enviar para o e-mail ‘michelesantti@gmail.com’ o teu fragmento predileto.
    Fiquei lisonjeada quando o querido QUIM postou minha escrita em seu blog. Assim, decidi adotar a ideia e de uma forma honrosa, postar os autores mais próximos: os blogueiros, meus colegas avatares.

    Beijos e ótima semana,
    Mih

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  2. Que a inspiração se mantenha meu caríssimo irmão! Pelos caminhos da tua amada que faz brotar o melhor do teu ser.

    Abração

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