quarta-feira, 29 de setembro de 2010

O riso



Feliz é a vã consciência (moral) que condena,

Triste é a insana filosofia que liberta,

Para o outro.

Rir da mesmice é a arma (ir)racional daqueles que se condenam, mas se libertam

AMatzenbacher

terça-feira, 28 de setembro de 2010

inha



Boazinha? Isso é (tudo) o que fazes?

Santinha? Estamos dentro de um templo?

Comportadinha? Começou o culto?

Faça tudo aquilo que disseram para não fazer. Guie-se por sí própria, faça do seu corpo o seu templo, cultue as suas próprias paixões.

Coitados dos castrados! Que fazem somente aquilo que o "código" (pré-)escreve.

Caos na vida!

AMatzenbacher

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

(des)apego



Não me prendo a nada que me defina. Sou companhia, mas posso ser solidão. Tranqüilidade e inconstância, pedra e coração.
Sou abraços, sorrisos, ânimo, bom humor, sarcasmo, preguiça e sono.
Música alta e silêncio.
Serei o que você quiser, mas só quando eu quiser.
Não me limito, não sou cruel comigo!
Serei sempre apego pelo que vale a pena e desapego pelo que não quer valer…
Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato. Ou toca, ou não toca.

Clarice Lispector

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Igual-Desigual


IGUAL-DESIGUAL

Eu desconfiava:
todas as histórias em quadrinhos são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os best-sellers são iguais.
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são iguais.
Todos os partidos políticos são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda são iguais.
Todas as experiências de sexo são iguais.
Todos os sonetos, gázeis, virelais, sextinas e rondós são iguais e
todos, todos os poemas em verso livre são enfadonhamento iguais.

Todas as guerras do mundo são iguais.
Todas as fomes são iguais.
Todos os amores, iguais iguais iguais.
Iguais todos os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.
Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou coisa.
Ninguém é igual a ninguém.
Todo ser humano é um estranho ímpar.

Carlos Drummond de Andrade, in "A Paixão Medida".

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Meus amores




Entre os amores que eu tenho,
O pingo, a china e o pago
E esta guitarra que trago
Das origens de onde venho
E o poncho, toldo cigano,
Que balanceia nas ancas
Do pingo gateado ruano
Malacara, patas brancas...
No rancho sobre a coxilha
Contemplando a várzea infinda
Tenho a xirua mais linda
Do que flor da maçanilha
Deixo que a lua se estenda
E o mundo fica pequeno
Enquanto bebo o sereno
Nos lábios da minha prenda
Nesta tropeada reiúna
A cãibra do freio é o norte
E apenas bendigo a sorte
Que me deu tanta fortuna
É a sina dos cruzadores
Andar caminhos sem fim
Sou dono dos meus amores
Ninguém é dono de mim...


 
Composição: Jayme Caetano Braun e Luiz Marenco
Música: Luiz Marenco

domingo, 19 de setembro de 2010

Na linha das "tríades"

´

[...]

ELA – Não é uma boa idéia. Não devia ter me seguido até aqui.
ELE – Você se sente culpada? (a resposta vem com um olhar)
ELA – E você? (a resposta é o encontro dos lábios)
A constatação da realidade – O momento da decisão – Os instintos
ELA – Não podemos fazer isso.
ELE – Eu sei.
O desejo – O medo e o resquício de racionalidade – A coragem e a liberdade de sentir   
ELA – Isso não levará a lugar algum.
O céu – A chuva – A terra – Os corpos – A respiração – Os sentidos – O momento avassalador

Diálogo do filme "MATCH POINT" de Woody Allen.

sábado, 18 de setembro de 2010

O Camelo, o Dragão e o Leão

"Providos dos genes de nossos antepassados, recebemos, durante a infância e a adolescência, uma miríade de normas sociais; deveriam elas, por princípio, aprimorar-nos para uma vida superior. Elas o fazem; mas, por caminhos escusos. Pois representam, de acordo com o simbolismo várias vezes empregado por Nietzsche, toda a carga depositada sobre a corcova do pobre camelo, que a carrega a cada dia em maior número, com maior pesar, indiferente aos olhos do seu dono.
Acontece-nos carregar a carga até o dia em que, por qualquer destas indefectíveis forças misteriosas, internas ou externas, nos vemos obrigados a fomar o caminho que não é de ninguém. Deixamos o hábito, a rotina, e seguimos esse caminho algo extasiados, envoltos no odor agradável de uma sonhada liberdade de ser. Ocorre que ainda somos camelos e temos sobre as costas um peso que nos fatiga e não nos permite o mergulho pleno nesta liberdade. Então, conforme Nietzsche, topamos pela frente com um tremendo dragão verde, soltando bolas de fogo pelas nervosas narinas, que nos sacode de nós mesmos num grande e largo susto; este é o momento crítico, pois não há volta: temos que enfrentar, na nossa condição de camelo, o feroz dragão que nos impede, sem qualquer escrúpulo, de prosseguirmos no nosso caminho.
Neste momento, temos duas opções. Ou nos rendemos ao dragão, que nada mais é do que a projeção daquela carga de deveres e obrigações que nos foi imposta desde criança, e então nos tornamos o homem medíocre, ou sacrificamos em todos os versos aquelas normas, o exercício do camelo, símbolo fatídico de nossa vida rotineira, hipócrita e servil. Se somos cavalheiros o suficiente e dotados de coragem solar, transformamo-nos, ao alvorecer, num singular leão de olhos vermelhos, pronto para colocar o dragão sob suas poderosas garras".


Do livro do mês, "O HOMEM MEDÍOCRE", de José Ingenieros.

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Estampada


Ai, ai...

Como a Tua Boca é mentirosa!

*E mentiras sinceras me interessam!


*Acrescido pela Érika


quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Qualquer coisa



QUALQUER COISA
Caetano Veloso

Esse papo já tá qualquer coisa
Você já tá pra lá de Marraqueche
Mexe
Qualquer coisa dentro, doida
Já qualquer coisa doida
Dentro mexe
Não se avexe não
Baião de dois
Deixe de manha, 'xe de manha, pois
Sem essa aranha! Sem essa aranha!
Sem essa, aranha!
Nem a sanha arranha o carro
Nem o sarro arranha a Espanha
Meça: Tamanha!
Meça: Tamanha!
Esse papo seu já tá de manhã.
Berro pelo aterro
Pelo desterro
Berro por seu berro
Pelo seu erro
Quero que você ganhe
Que você me apanhe.
Sou o seu bezerro
Gritando mamãe.
Esse papo meu tá qualquer coisa
E você tá pra lá de Teerã



PS: O Rei dá O recado.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

E o vento levou?


No fim tu hás de ver que as coisas mais leves são únicas que o vento não conseguiu levar:

um estribilho antigo,

um carinho no momento preciso,

o folhear de um livro de poemas,

o cheiro que tinha um dia o próprio vento...


Mário Quintana

sábado, 11 de setembro de 2010

11/09



11 de setembro de 2001

data fu(n)dida na história universal

pelo ataque, fundamentalista (ou terrorista?), de Osama Bin Laden

a um dos Marcos contemporâneos do mundo capitalista e do império norte-americano:

o World Trade Center.

Eu não sou nenhum Marco

sou Alexandre, e não o Grande.

Não fui o rei da Macedônia,

nem o hegemônico da Liga Helênica,

nem o Xá da Pérsia,

e nem nenhum Faraó do Egito.

Mas sou rei, a minha maneira.

Rei da minha própria vida.

Então, em uma comparação (im)possível,

também não sou “World Trade Center”,

nem o avião desesperado(r),

mas sou o piloto do avião,

do avião de hoje,

desse 11 de setembro.

Eu alço vôo para onde quero,

para o destino que escolher(ei).

E agora, escolhi aqui.

Calma.

Meu agir não é terrorista e nem fundamentalista,

não há nenhum marco capitalista ou político a derrubar,

o vôo é apenas para (re)encontrar a provocação que aquele sorriso (me) causa.

 
AMatzenbacher

Saindo do útero paterno


"O Nascimento do Mundo" - Salvador Dalí

[...] Ontem de meio-dia, almoçando com Ivanna e Ianna, prenunciei esse nascimento... Mas, "prematuramente", hoje, 11 de setembro de 2010, na capital federal, em Brasília - DF, do útero racionalmente ilusório que todo homem carrega dentro de si, nasce o BLOG "(in)PERSONAE". O nascimento se dá em razão da curiosidade inside e outside do (ser)humano. Curiosidade pelo "outro". Curiosidade para compreender (e não entender) a persona, que provém, originariamente, do grego personae, que significava máscara. Deixo claro que para mim, o cordão umbilical de "entender" é ligado à razão, enquanto o de "compreender" é ligado à emoção. É óbvio que não atingirei o objetivo agora elencado. Na verdade nem é um objetivo, mas soa como tal, já que a curiosidade colocada como uma direção fica revestida, ainda que (in)diretamente, por uma palavra para dar o norte (ou o sul) daquilo que (não) se pretende. Então afirmo, desde já, que não tenho a pretensão de atingir nenhum objetivo. Muito pelo contrário, não quero atingí-lo, seja pela recusa da palavra "objetivo", seja pela limitação, seja pela impossibilidade de entender aquilo que só se pode compreender (e aqui reside o ponto de gestação).
Então, o quê me interessa? O que interessa é o caminho. O caminho que percorrerei para, quiçá, saciar parte de minha curiosodade, ou apenas tentar saciar essa curiosidade humana-mundana. O que já me basta, pois estarei ca-mi-nhan-do.
Por isso, deixo claro que este não é um BLOG jurídico como o outro que mantenho, "As Ciências Criminais em Debate"  (http://www.profmatzenbacher.blogspot.com/), mas um BLOG que serve a poesia, a arte, a música, a paixão, a literatura, aos devaneios, as (des)ilusões, ao amor, aos sonhos, aos instintos, aos pensamentos, aos impulsos, as emoções, as repulsas, enfim, todas as "coisas" nas quais a racionalidade deve ser deixada de lado. E é exatamente por isso que o nome do BLOG é "(in)PERSONAE": por dentro e/ou por fora da(s) máscara(s). Porque o humano só é ser(-humano) quando está com sua(s) máscara(s). É difícil de acreditar? Pois aqui, fica o úlitmo resquício de racionalidade, porque é verdade.
Há tempos queria fazer um BLOG assim, mais... mais... "humano" ou "poético" por assim dizer. Dá para endender? É que a vida jurídica, embora apaixonante e indivorciável, é incompleta. E para entender algumas coisas, somente é possível a partir do local onde a racionalidade não impera. Ainda que Descartes tenha usado a dúvida hiperbólica do "penso, logo existo" para definir uma certa racionalidade, Antonio Damasio vai além, vai para o "existo, logo penso". E aqui, estou com Damasio, não com Descartes. 
Pois então, gerido, nomeio os padrinhos deste BLOG. O padrinho, é meu amigo-irmão (ou o inverso, já nem sei) Paulo Ferrareze Filho, que há mais de 12 anos sabe-do-que-estamos-a-falar-e-ponto. A madrinha é a Alana. Só que ela não entenderá o porquê, mas talvez compreenda (um dia)!
Boa noite,

AMatzenbacher